quarta-feira, maio 09, 2007

A ética de subir e descer montanhas


Há uns tempos postava-se aqui a celebração de Mr. Inglis, um biamputado transtibial neozelandês que há um ano escalou o Everest.

Um par de anos de preparação, muita força de vontade, alguns milhares de dólares, uma equipa experiente e inclusive uma reportagem do discovery channel, levaram a bom porto a expedição.

Sem dúvida, estamos perante um acontecimento que obriga a reflectir quem trabalha em Medicina de Reabilitação.

Dizia Ingis numa entrevista antes do feito:

"I'm not doing this to be the first double amputee [ever to climb Mt. Everest ]- if I am then it's the icing on the cake - but it's more about I've been climbing most of my life and Everest is the achievement really. (…) And it gives you the knowledge of empowerment to do other things."

No entanto na melhor "nódoa cai o pano" (não é lapso)…

O Everest, um dos 14 picos acima dos 8.000 m de altitude, é um desafio só para alguns. A desmesurada ambição de alcançar o cume, e descer em segurança; o sucesso a culminar vários anos de preparação; os recordes que dão direito a um lugar na história (o alpinista mais jovem, a mulher com os 14 “8000”, o alpinista mais velho sem ajuda de oxigénio…); o turismo de elite e simultanemante de massas; e como é natural, o extremo, inóspito e imprevisivel significado de conquistar estas montanhas, levam certos alpinistas a abdicarem dos Princípios que realmente elevam a natureza humana.

Mr. Inglis, e a sua equipa (sim, aquele que já celebrámos) continuaram impassíveis a sua subida e não prestaram auxílio a um alpinista em dificuldades na beira do trilho, que acabou mais tarde por morrer.

Além da equipa do “nosso” biamputado, vários grupos realizaram a mesma "façanha".


Sir Edmund Hillary de 86 anos, que juntamente com o sherpa Tenzag Norway foram os primeiros humanos no tecto do mundo em 1953, criticou vivamente a atitude de todos que ignoraram o montanhista em dificuldades e que poderia ter sido salvo. “Em 1953 isso nunca aconteceria” disse Hillary, por sinal também neozelandêz...

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